sábado, 7 de junho de 2008

Sobre como uma mulher renasce


Nada pior do que se olhar no espelho e desejar que a imagem ali não seja a sua. Quando eu não me reconheço mais, sei que é hora de me reinventar. Me apaixonar de novo. Pela mesma pessoa de sempre.

Por aquela pessoa que sempre esteve comigo, em mil e uma aventura, em horas tediosas, rindo, chorando. E que sabe TODOS os meus segredos: Eu mesma.

A vida tenta, tenta, tenta sempre me aniquilar. São tantas coisas difíceis para atravessar, tantos desânimos, tantos desapontamentos. Viver cansa. Viver dá trabalho. Uma mulher não pode viver só para desviar de entraves e desafiar o óbvio. Eu não vivo só para o trivial.

Renascendo, ouvindo rock de alta qualidade, num volume considerável. Ao reconstruir, precisamos nos livrar primeiro dos entulhos para que o resultado seja visto. A trilha sonora para renascer você pode escolher. Diferente dos sons do parto.

Renascer não é mais difícil do que continuar levando. Um bom corte de cabelo, uma boa sessão de sexo, pintar as unhas dos pés de alguma cor maluca, uma taça de vinho e uma boa conversa, alguma coisa pode despertar aquela fagulha.

Toda mulher precisa renascer, ao menos uma vez ao ano.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Milimétrica

Não despreze o contato da pele contra a pele. Carinhos não devem ser rápidos, mas podem ser furtivos. Experimente e se delicie com a sensação de encostar as palmas das duas mãos nas costas nuas de alguém, num abraço forte. Toque a parte intrena do pulso. Beije com os lábios úmidos a face do outro.
As pessoas não se tocam, se higienizam o tempo todo. Ninguém mais abraça, ninguém encosta. Mais do que viver em bolhas, alguns não se permitem nem viver os próprios fluídos, cheiros e pêlos. São sensações negadas, são experiências negligenciadas. Não estou dizendo que as pessoas devem deixar de lado o banho, a depilação e o fazer a barba. Apenas devem aceitar que não somos lisos, inodoros e insípidos.
A realidade faz parte da intimidade. Todo mundo acorda com mau hálito, com a barba crescida. Depois de fazer amor, a cama fica molhada, ficamos suados, exalamos cheiros e guardamos fluídos um do outro. Chega de correr pro banho. Chega de negar que temos feromônios. Pele e pele. Misturar cheiros e saliva. Milimetricamente, com toda a intimidade.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Banal

Tantos textos sobre a tal "banalização do eu te amo". Eu digo quando eu quero, não reprimo. Aliás, tem coisas muito piores pra se reprimir. Reprimo pum, arroto. "Eu te amo" eu solto. Digo mesmo. Falo na cara.
Falo pro meu amor, pros meus amigos. Pros meus pais, pros meus gatos de estimação. Falo para mim mesma, no espelho.
Pra quê reprimir? Deu vontade de dizer que ama, mesmo que não seja verdade? No mínimo você vai dar alguma alegria pra quem escutar. Uma boa ação. Não tenha medo de estragar aquele silêncio constrangedor depois do sexo ruim. Falar "eu te amo", no mínimo, vai espantar o cara. Daí você se livra de um "encosto" no futuro... Não tenha medo de falar essas três palavrinhas quando for de verdade. Grite, sussure, escreva na areia, tatue no braço. Mande um sms ou um scrap. Não espere a "tal hora certa"... Taí, esta é a segunda maior "conspiração sentimental" que existe, depois da "banalização do eu te amo"... Hora certa é a gente quem decide. Não existe uma coreografia pra se relacionar, e quem tenta ser assim, sempre nos parece artificial.
Diga "eu te amo" na hora errada. Na hora certa, em qualquer hora.

EU TE AMO, PORRA!