quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Blues dos cílios multicores na penumbra

A trilha sonora é "I Ain't the one", do Lynyrd Skynyrd.
Você olha nos meus olhos, bem de perto, e vê que eu usei rímel de duas cores.
Claro que eu vou baixar o olhar. E você vai olhar para os meus cílios, ainda. E senta na cama, recostado no travesseiro.
Desligo a luz do quarto e a claridade da noite entra pela janela aberta. Penumbra.
Eu danço o blues, e você não vê mais o salto alto pink levar meus pés pelo assoalho, apenas uma sombra que se balança, levada por uma voz rouca.
Eu tiro a roupa como se estivesse usando uma lingerie especial, com cinta-liga. Mas eram apenas calça jeans e camiseta. Arrumo os sapatos ao lado da cama e, quando termina a música, já estou de olhos fechados, sob você, dentro da quase-escuridão. Você me beija os olhos e as cores de tudo se misturam. Pena que tudo fica cinza na penumbra.

Falta

Falta você aqui. Agora. Falta riso nessa casa, falta o seu cheiro, falta o seu violão dedilhado. Faltam as suas falas tão inspiradas sobre qualquer coisa. Faltam aquelas nossas atitudes todas, de meio que namorados, meio que amantes. Falta o seu calorzinho na cama. Falta você me dar um beijo de manhã, antes de ir embora. Falta você entrar pela porta, com o teu sorriso lindo. Falta muito, período de carestia e abstinência. Falta tudo. Falta você. Vem!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A melhor companhia

Hoje vou passar a noite com uma garota incrível. Ela é inteligente, adoro o que ela pensa. Adoro o jeito que ela sorri. Tomei um banho demorado, e ao invés de colocar o pijama de todas as noites, vesti uma roupa bonita e calcei sapatos. Nunca, nunca estou de sapatos em casa. Ela vai passar a noite comigo, acordada, como sempre acontece quando meu amor viaja. Prendi os cabelos, fiz uma playlist no computador, com as músicas que ela gosta. Preparei um café fresquinho, um narguille de pistache. Vamos conversar por horas, talvez até na cama. Dependendo de onde for parar o papo, não sei o que pode acontecer, mas vou permitir.
Não, queridos, não terei uma experiência homossexual esta noite. Esta é mais uma noite sozinha, comigo. E eu adoro!

Clichês, mentiras repetidas até virar verdade.

Fiz trinta anos. Ouié. Muito melhor dentro da cuca, muito melhor resolvida, quase nenhum grilo, quase nenhum trauma. Medo de muito pouco, arrependimentos, quase nenhum. Inevitável escrever sobre Balzac. Claro que hoje sou muito mais experiente do que 15, 10 ou 5 anos atrás. Tantos "Não faço, não posso, não devo, não quero" se transformaram em minhas predileções. Tantas coisas que eu não podia conceber passaram a ser cotidianas. Disfarces, repressões, tabus. Caíram. Que gostoso deixar de lado as travas, as amarras (ops, amarras, as vezes, vão bem). Porém, sinto que este não é o meu auge. Não, ainda é muito cedo para iniciar o declínio. Preciso de mais uns anos para experimentar o que eu ainda não conheço, para me livrar dos poucos medos, para quem sabe, ter algum arrependimento. Não estou, ainda, no meu melhor momento.
Antes, preciso externar tudo o que me vai na alma, deixar o mundo saber, deixar essa cara de menina ir embora. Quando eu me ver mulher, aí sim, terei trinta anos. Ainda não. Ninguém acreditaria.