quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Da alma para o corpo - Mundana alma

Coisas do corpo e da alma. Iguais como as excrescências e os pensamentos. Não sou mais do que suor e nem menos do que uma idéia. Afinal, o que vale mais? O corpo ou a alma?

De alma eu entendo um tanto. Sei da minha, ao menos. Uma alma velha, usada, cansada. Feliz por antecipação, vivida; sofredora por antecipação, calejada. Alma cheia de cicatrizes e escaras, por estar sempre na mesma posição. Permito que voe tão pouco, coitada... Poucas vezes permito que ouse, que se exponha... Quando lhe é permitido, ela voa alto, longe, até que eu não veja mais no horizonte... Tão preciosos esses momentos que permito que ela volte aos prazeres que conheceu, aos lugares, aos cheiros... E ela sempre volta pra onde gosta, pra onde é livre, pra longe de minha má influência... Quando volta para meus domínios, alma desgraçada, meio entorpecida, um tanto desgrenhada, me torna um pouco menos eu e um tanto mais lúcida...

De corpo, não entendo tanto. Tenho o meu, outro na minha cama. Corpo é prisão da alma. Alcatraz curvilíneo, de cabelos lavados e lisos. De pele recendendo a pêssego, de voz menina, de olhar perdido. Corpos diversos abracei, poucos beijei. Corpos me acompanharam em danças, em ritos, em caminhadas. Mudam, envelhecem, crescem, morrem... Corpos enganam os olhos. Almas, o coração.

Prefiro a companhia das almas, corpos com almas, então. Pessoas completas, vibrantes, felizes.

Quero mais más companhias, quero mais descobertas, quero fogo, quero vida. Um dia a minha alma, acrônimo de lama, ainda se rebela. Um dia ela vai de vez pra onde gosta. Ousa, alma, ousa!

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