sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sujo


Coisas que não se diz, coisas que se faz e esconde. Coisas que eu nego até para mim mesma.


Alguém pra dividir a vida é um rótulo que dá medo. Dividir uma vida inteira, não só as coisas boas da vida. Quem vai querer te ajudar quando você engasgar com seu vômito, quem vai querer te acompanhar ao hospital, quem vai passar fome com você se o dinheiro acabar? Quem vai te aturar nos teus piores dias? Quem vai tirar uma espinha, quem vai ver você depilando a perna?

Amor, algo assim como piedade. Você suporta não porque ama, porque amor é felicidade. Você acompanha porque quer, porque se sente impelido a ser prestativo com a pessoa que também te atura.

Sempre soube que não se ama porque, mas se ama apesar de.

O amor é sujo, é vilão. O amor nada mais é do que uma estratégia pra sobreviver. Uma troca. Eu amo um homem. Cuido dele. Ele me ama e me protege. Teremos filhos. Continuaremos. Podemos colocar mil e uma roupagens românticas, mas no fundo, o amor é isso: um jogo sujo para garantir que você esteja seguro.

Depois que a paixão acaba, depois que o namoro evolui, que você conquista, que você casa... depois de todos os ritos terminados é necessário ficar enganando o tempo, arranjando meios de estar de novo apaixonados. Porque o amor é algo tão sujo que acaba, que morre. Não basta amar uma vez. Para funcionar o jogo é preciso estar amando. Um vício, uma baita sujeira

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