terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cansei de não me surpreender

Eu esperava. Sabem, esperança mesmo. Fé. Até. Mas essas coisas estranhas de acreditar no potencial das criaturas humanas e me despedaçar em frustrações e melancolia, colocar a cabeça entre as mãos e pensar alto: que grande merda. Tá bem, eu sei que ando me exaurindo à toa, deve ser a privação de açúcar, a malhação ou a preguiça de começar a escrever uma resenha.
Eu esperava sim. Que as meninas fossem mais livres. Libertárias. Feministas, não femistas. Eu esperava sim, que a diversidade tivesse vez e voz dentro da geração Y. Eu havia crido.
Me pediram para calar a voz, não contar minha experiente vida de três décadas (Momento aham-senta-lá-Cláudia). Não dizer como o mundo é lindo, colorido, pulsante e vivo, justamente por ser tão diverso. Posso ganhar olhares atravessados, cochichos e impropérios. Não posso é compactuar com a indiferença. Eu sempre vou dizer em voz alta: tire o tapa-olhos e os tampões de ouvido e a rolha do cérebro. Abra-se para a realidade.
Geração Y, minha própria casa, meus iguais-desiguais. Libertos da ditadura no Brasil, todos com seus I-pods, seus ficares, seus morar junto. Com a adolescência prolongada, com mais tempo para as descobertas, para as cagadas e para o sorrir. Não cabe no programa, não entendo.
Eu não perdi a fé. Quase. Tenho medo da fruta estragada contaminar a boa colheita.
Do que tem medo, a Geração Y-homofóbica-racista-machista-proselitista? Eu vejo, eu presencio. Eu não me calo, eu sofro. É muita hipocrisia instalada em cabeças tão jovens. São muitas experiências acumuladas, herdadas, implantadas, artificiais. Máscaras. Horrendas máscaras. Preconceitos. Tão idiotas como não gostar de morangos sem nunca ter colocado um morango na boca.
Quase esqueci de quão maravilhosas são as pessoas coloridas, vivas, pulsantes, estimulantes, inteligentes e críticas que vivem no mesmo mundo que eu: o mundo imperfeito. Cansei dos incompreensíveis.


Um comentário:

  1. A surpresa - pelo menos pra mim - é extremamente necessária. Eu sou viciada na surpresa e no surpreender-me.

    Me identifiquei muito com este teu texto em especial... também tenho um puta de um medo dessa geração y, desse preconceito todo, desse vazio e ausência de conteúdo todo.
    Ás vezes eu olho pro lado, vejo pessoas com a mesma idade que eu e nem pra papear dá.
    Bom, também não é bem esse o caso, mas a questão é que quem não se cala, quem de uma certa forma LUTA e boca a boca no trambone contra o que na sua opinião tá errado, acaba sofrendo. Os bons são sempre criticados, por mais certos que estejam.

    É essa a nossa querida nova geração, seus preconceitos, sua falta de conteúdo e hipocrisia... Viva!

    Adorei este teu post. Sério, continua escrevendo! :D

    Uma ótima semana pra ti também, beijo!

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